Por: Luigi Wagner
Após voltar ao seu passado
mais distante até agora, na Primeira Grande Guerra, com Battlefield 1, em 2016, o estúdio sueco DICE decidiu avançar algumas
décadas para o eventual próximo grande conflito mundial e, coincidentemente, para
o contexto histórico que embasou o nascimento da série.
Assim, em Battlefield V, tem-se aquela que é a
mais “moderna experiência Battlefield”
e, ao mesmo tempo, a maior chamada ao passado da série em alguns anos ao situar
seu âmbito durante a Segunda Guerra Mundial.
Voltando a estruturar seu
modo história no mesmo modelo daquele presente em Battlefield 1, BF V conta
também com vinhetas de histórias separadas, ao invés de uma grande campanha
principal, naquelas que são chamadas “História de Guerra”.
Mais eficiente em demonstrar
uma variedade maior entre suas histórias do que no jogo anterior, as War Stories de Battlefield V atingem relativo sucesso no quesito de serem mais
eficientes narrativamente e melhor estruturadas em questão de level design.
Assim, se a História de guerra
envolvendo dois soldados ingleses infiltrando bases militares na ilha grega de
Creta não faz muito para nos prender dramaticamente no companheirismo da dupla
protagonista, naquela história envolvendo uma fuga orquestrada entre mãe e
filha nos altos Alpes da Noruega, simpatizamos um pouco mais com a causa das
mulheres. Da mesma forma, a História de
Guerra intitulada ‘Tirailleur’, focando no avanço de soldados africanos em
nome do exército francês, faz um bom trabalho em evidenciar o racismo presente
dentro das tropas e o absurdo da natureza de morrer por um país que muitos
daqueles soldados jamais chegaram a sequer conhecer. Por fim, a última War Story, intitulada ‘The Last Tiger’ é
eficaz ao evitar retratar o exército alemão como um conjunto de figuras
exclusivamente caricatas, tratando seus personagens como indivíduos complexos e
compreensivelmente desesperados pelo iminente fim dos esforços de seu lado.
Competente em isolar
histórias de facetas diferentes e de menor escala no grande escopo da 2ª Guerra,
o modo War Stories de Battelfield V merece reconhecimento
também por manter o idioma original de seus personagens de acordo com o
contexto no qual estão inseridos, sem apelar para o velho costume tosco de “americanizar”
tudo, contribuindo assim ainda mais para o sucesso de sua abordagem histórica.
Trazendo um modo multiplayer
que parece ser o pináculo de várias filosofias de design da série ao longo dos
anos, BF V trás uma ênfase cooperativa
de esquadrões ainda maior do que aquela vista em iterações anteriores.
Com diversos pequenos
detalhes que fazem da especialização de classes um diferencial notável para o
exercício de tarefas entre os membros de um esquadrão (ou do time), Battlefield V acerta ao provocar o
sentimento frequente de estarmos, de fato, contribuindo para os avanços de
nosso lado. Assim, tornar exclusiva a função de marcar inimigos para a classe
de Atirador de Elite (antes disponível para qualquer classe), faz de seus
adeptos peças notavelmente mais importantes para o mantimento da ciência do
campo de batalha (ao invés de ficarem relegados a mandar headshots à distância sem contribuição maior). Da mesma forma, a
habilidade de reviver colegas com maior rapidez na função de Médico e a de
construir defesas com mais facilidade na posição de um Engenheiro fazem das respectivas
classes mais importantes para diferenciação estratégica.
Contando com uma ênfase
menor no uso de veículos no campo de batalha, a presença destes passa a ter
maior relevância quando acontece, tornando os tanques de guerra, em particular,
ferramentas devastadoras de acordo com o posicionamento no mapa. Além disso, um
reduzido TTK (Time To Kill – Tempo Para
Matar), faz de Battlefield V um jogo
com um grau de urgência mais adequado e divertido para a fluidez das batalhas.
[E aqui preciso apontar que
a DICE, por meio de uma atualização, mexeu nas métricas de TTK nesta semana com
resultados visivelmente desastrosos, provocando um grande desbalanço em virtualmente
todas as armas, problematizando um elemento que estava devidamente estruturado
e, naturalmente, provocando um alvoroço (justificado) na comunidade do jogo. É uma
questão que está fadada a ser “reconsertada” em uma eventual atualização, mas
que não deixa de ser particularmente frustrante]
Contando com os modos de
jogo que viemos a esperar de um Battlefield¸ BFV continua tendo seu “carro-chefe”
nas batalhas de grande escala no modo Conquest, apesar de ter no modo Grand
Operations talvez a atração mais interessante, com três rounds de modos de jogo
diferentes, entrelaçados por meio de uma linha narrativa tênue, mas instigante
para a progressão dos embates.
Com uma seleção de mapas lamentavelmente
curta (sendo que os próximos vão chegar por meio de atualizações gratuitas), Battefield V compensa não só na
variedade e estrutura destes (que, via de regra, adequam múltiplos modos de
jogos de forma consistente), mas também no espetáculo visual e sonoro que encapsula.
O resultado são alguns dos conflitos mais espetaculares passíveis de serem
realizados em uma partida online em tempos recentes, convencendo com competência
a escala de suas batalhas para os jogadores envolvidos.
Com um aspecto, no geral,
iterativo quando avaliado em conjunto com seus antecessores mais recentes, Battefiled V não necessariamente
surpreende ou atenta algo além da zona de conforto da série (além de contar com
uma relativa “falta de conteúdo” em seu estado de lançamento inicial). Dito
isso, com uma infinidade de pequenos ajustes de design, uma competência
mecânica inquestionável nos parâmetros de FPS’s modernos e seu casamento entre
visuais e sons fantásticos, fazem de BF V
um dos melhores exemplares da franquia militar até hoje.
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